Resposta ao fórum de recursos hídricos: A água do mundo está acabando?

Thalison Teixeira

2 de out. de 20214 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2023

Nossos recursos hídricos são aparentemente infindáveis por termos ¾ da superfície do nosso planeta comporto por água, e mesmo assim são limitados por ter entre 0,7 e 2% de todo o volume em água potável como diz Márcia Pimentel no artigo “Água: fonte de geração de vida, riqueza e lucro”. Pressuponho que a água não irá acabar, mas sim passará por transformações que limitará nosso consumo se não tiver uma intervenção em nossa forma de consumo atual. Através dos tempos acompanhamos uma mudança nos ciclos da água, com os impactos causados pelo mal uso dos recursos pelo ser humano que colabora para as mudanças climáticas e catástrofes ecológicas atuais que serão as mesmas causas futuras para a capitalização dos processos e venda controlada em um destino não muito distante.

Existem inúmeras possibilidades para reaproveitamento da água em processos produtivos, em montadoras e outras indústrias que precisam de muitos recursos que localmente podem levar ao esgotamento por excesso de consumo da água potável que é a base para a sobrevivência de muitas famílias com agronegócio e negócios locais nas margens dos rios alimentadores destas industrias. O trabalho de pesca, pecuária e plantações são as principais atividades que podemos pensar quando pensamos nos leitos dos rios e as formas de uso, entre estes e outros como o turismo direto e indireto, tratamento para consumo humano nos centros urbanos, envasamento de água mineral das nascentes, geração de energia, higienização entre outros tipos de usos. Processos como o ciclo interno de tratamento da água em empresas é ainda muito caro e precisa ter apoio e investimento para o aprimoramento ou mesmo a implementação das novas ideias, equipamentos e processos, acaba por inviabilizar muitas vezes a sua utilização, mas tem grande potencial a longo prazo com avanços tecnológicos como a dessalinização da água do mar podendo ser implementados em regiões de difícil acesso a água potável.

Tomando consciência da existência dos rios voadores, vemos o importante papel das florestas neste processo cíclico de alimentação dos rios e nascentes, fica ainda mais visível a importância de sua preservação, estes estudos feitos para identificação da origem da água da chuva para saber se vem do mar ou da floresta ajudará a tomar decisões quanto a atuações futuras e como podemos atuar dentro dos centros urbanos e áreas de influência para conseguir uma melhora neste processo, desenvolver análises e implementar soluções que ajudam a preservar e aprimorar os processos de coleta e utilização dos recursos hídricos é fundamental para garantir a sustentabilidade.

E quanto as aplicações práticas sendo implementadas mundo a fora, existem muitas soluções em pesquisa atualmente, com o tratado dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), metas para melhor aproveitamento de recursos hídricos, erradicação da fome e pobreza, igualdade de gênero entre outros pontos que paralelamente aos temas de recursos hídricos que estão conectados e precisam de conscientização. Pouco a pouco aumentamos o acesso das pessoas as informações para o melhor uso dos recursos, sendo estes passos importantes para um futuro mais saudável para nossos rios e mares. Acredito que não venha a se esgotar os rios e mares, mas podem haver deslocamento de seus afluentes, diminuição de seus fluxos, mudanças no Ph da água e excesso de poluentes, sendo necessário ter o retorno dos “rios invisíveis” que são canalizados dentro dos grandes centros urbanos para ampliar as áreas comerciáveis para adensamento populacional. A reversão destes rios, diminuição dos automóveis movidos por combustíveis foceis e a ampliação dos eletromotores, hábitos mais saudáveis com uso de bicicletas, caminhadas e transportes públicos permitirá a sobra de espaços nas ruas para plantar mais árvores, e criar canteiros colaborativos e urbanos para produção de alimentos.

Iniciativas atuais mostram o consumo das águas e como os edifícios se comportam após a implementação de jardins verticais que acabam com as fachadas cegas dos grandes prédios, muitas pessoas entraram nos movimentos de “urban jungle” levando a produção de hortaliças e plantas ornamentais para as varandas de seus apartamentos e casas entre outras iniciativas que após a disseminação da Covid19 e o isolamento passaram a ser um habito para as pessoas que tinhas seus lares nas cidades dormitório e que agora passaram a ser lugar de trabalho, descaso e lazer, estas aplicações tornam-se facilitadores na redução energética e de recursos minerais por diminuir desperdício de alimentos vindo de longe para dentro dos centros urbanos, diminui as terras destinadas para plantação de alimentos e combustível.

Outros processos como a coleta da umidade do ar por aparelhos independentes sem ligação com a rede de abastecimento em lugares onde possuem pouquíssimos efluentes e recursos para desenvolvimento das comunidades, também são aplicadas atualmente principalmente com incentivo de entidades filantrópicas como fala a autora Lilly Cao na matéria “Gerar água a partir da umidade do ar para enfrentar a seca global”, publicada no site archdaily.com.br 02/2020. Estes movimentos de criação de soluções inovadoras para sanar problemas “básicos” e que não conseguimos uma solução fácil é fundamental para tratar localmente e com modelos replicáveis mundo a fora em cenários semelhantes, levando assim a possibilidade das pessoas se desenvolverem nos campos de estudo e trabalho sem se preocuparem com a falta de alimento ou água no fim do dia. Nós, seres humanos trabalhamos bem quando precisamos encontrar uma solução para um problema e a água é hoje um destes problemas que precisamos solucionar, não acredito que venha a esgotar-se tão facilmente, mas podemos implementar as soluções existentes e criar novas para que esta especulação da realidade nunca venha a ser um fato.