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Entendimento do papel do arquiteto

Foto do escritor: Thalison TeixeiraThalison Teixeira

Demanda do arquiteto e urbanista na prática!


Não conheço curso que seja mais plural em conhecimento do que o curso de arquitetura, o próprio nome da categoria de conhecimento já fala CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA e isso é levado a sério durante o desenvolvimento do aluno na graduação por ter uma matriz curricular muito diversa e que vai de exatas a humanas de forma homogênea e coloca isso aplicado no ambiente construído. É necessário entender de política, história, ciência, geografia, gramática, matemática, física e química, botânica, gestão de negócios e de projetos entre tantas outras coisas para exercer a profissão, mas é claro que a formação básica não é suficiente e você (arquiteto) vai se especializando e entrando mais a fundo nas matérias que tem mais familiaridade e que acredita ser a melhor para seguir no início da carreira.



O curso:


Durante o curso você não aprende a desenhar casas somente, é preciso desenvolver senso crítico sobre o papel da habitação, materiais construtivos, formas e sentido de ocupação do espaço, nos leva a pensar sobre o habitar e como é desenvolvido através de projetos que contam com um passo a passo do planejamento de execução do projeto. Matérias de desenho, maquete, materiais construtivos, perspectivas, escala humana, topografia, geopolíticas, história da arte, história da arquitetura, habitação de interesse social, ética e moral, sociologia, antropologia, resistência dos materiais, geometria analítica e álgebra linear entre tantas outras matérias que compõem o quadro de horários do curso fazem você perceber a dimensão do que é o curso e o quanto é necessário dedicação em cada uma das matérias, tempo de exposição à frente da turma apresentando e defendendo a sua ideia de projeto ou pesquisa e o fato de estar sempre refazendo um trabalho ou outro por ter que alterar algo que o professos disse em uma aula que estava certo e na outra já não está mais. Claro que isso é um preparativo para a vida pós formado que sempre vai ter um cliente falando com você que "poderia ser feito deste ou daquele jeito", ou "faz só mais esta alteração por favor não vai mudar quase nada no projeto", "é só mudar o sentido da escada". Para estes clientes é preciso por um limite e tem aqui no site um outro artigo que fala sobre demitir seu cliente no caso de passar do ponto e virar abuso.


Projetos:


Todo seu conhecimento externo é potencializado durante a criação de um projeto, é preciso adquirir novos conhecimentos, aprender sobre o nicho de mercado, conhecer sobre seu cliente e saber absorver suas demandas e aplicar isso na prática. Ter conhecimento específico e uma visão de longo prazo faz com que seja mais assertivo na tomada de decisão, explorar o diverso é completamente necessário para que isso aconteça, desenvolver um bom estudo de caso sobre obras já realizadas sobre o tema e como agregar estudos externo e novas tecnologias a sua proposta. É ter ciência que reinventar-se o tempo todo é necessário (não inventar a roda), mas buscar aprimorar e se qualificar, que não atualizar está fora de questão, pois é necessário conhecer de tecnologias, bioclimática, estar por dentro de assuntos da atualidade, saber sobre geopolítica e história da construção de marcas e impérios através dos tempos, passar por cima do próprio ego o tempo todo para redescobrir-se e se reinventar constantemente, a cada contato com um cliente novo, ter respeito a história de cada indivíduo e saber representar as expectativas dentro da realidade da persona que é o seu cliente naquele momento.


Carreira:


Ter consciência sobre o percurso traumático e constante que é construir uma carreira na arquitetura também é essencial para não criar falsas expectativas do que é o êxito e como é a relação do sucesso com o dinheiro. Saber que o sucesso está mais relacionado com o seu comprometimento com o “outro” do que com o dinheiro obtido em si. É normal ter o seu serviço e suas ideias o tempo todo sendo subjugada e tida como “só uma dica”, “um projetinho”, “parente não paga” ou “é só 5 minutos” e quando isto acontecer é preciso saber o que é o seu produto de venda e como vender a esta pessoa que não entende nada sobre o seu trabalho ou acha que sabe muito e que você é só um caminho para construir o que o outro vem sonhando a algum tempo.


Definir um produto, um serviço, gerenciar o tempo entre outros muitos desafios é só um bônus diante de todos os afazeres cotidianos de um arquiteto, principalmente dos que buscam empreender e levar uma equipe com sigo para entregar maiores e mais volumosos projetos e consequentemente que vão afetar a vida de mais pessoas a partir da tomada de decisão lá no escopo ou projeto preliminar. Para entender o papel do arquiteto na sociedade e como relacionar isso com a demanda que o mercado nos impõem e preciso ter um mínimo por onde começar. Abaixo deixo algumas das possibilidades de atuação de um arquiteto e lembrando que não é limitado a somente estas opções, pois existem arquitetos ligados a todos os tipos de conhecimento pelo fato de arquitetura ser um aprendizado plural que forma um ser humano e não somente um profissional.


Projetos habitacionais e coorporativos: desenvolvimento de projetos executivos de construção, ampliação e reforma das edificações residenciais unifamiliares e coletivas, espaços de convivência, praças, parques, centros educacionais, fábricas, hospitais e escritórios. Este é provavelmente o único papel do arquiteto que a maior parte das pessoas conhece, e não era para ser diferente, a sociedade não é educada para conhecer a fundo as profissões e as potencialidades das mesmas.


Meios e demandas sociais: Pensar em necessidades sociais, desigualdade, carências e qual a relação do homem com o meio ambiente em que vive é sim coisa de arquiteto. Saber sobre antropologia e sociedade e como é o comportamento do humano com entorno é fundamental para conseguir criar contrapartidas e movimentos através do ambiente construído. Estas temáticas estão cada vez mais popularizadas nos estudos de neurociência e psicologia através da neuroarquitetura e estudos sociais aplicados na construção.


Urbanismo e meios urbanos: pensar em políticas públicas de acesso, espaços urbanos e rurais, malhas viárias e planos de crescimento das cidades, leis, intervenções físicas e sociais que estejam relacionadas com o coletivo e o meio ambiente habitável pelo humano. Entra nestas categorias uma correlação com mercado imobiliário, sentidos de crescimento do perímetro urbano e zonas de expansão urbana das cidades.


Patrimônio e restauro: toda e qualquer edificação existente, objeto e a arte, tem uma história a contar e precisa ser registrada e conservada para as próximas gerações e pensando nisso é que existe pessoas que se dedicam em descobrir a história por detrás da história e buscam técnicas e metodologias para manter e preservar estes dados e construções. Pode muito bem ser integrado nos grandes centros urbanos que querem manter o centro histórico e os que querem o retrofit das edificações e mudanças de uso da edificação para manter o imóvel conservado e sendo ocupado.


História e pesquisa: "É fundamental entender o passado para que não se cometa os mesmos erros no presente", sempre me vem esta frase a cabeça quando penso a parte histórica da arquitetura, o que leva uma civilização a construir monumentos imponentes e que vai perdurar através dos tempos? O que é preciso para uma estrutura se manter em pé após um evento climático recorrente? Sabendo disso é necessário estar sempre envolvido com a pesquisa e os fatos históricos para desenvolver projetos cada dia mais adaptados para seus novos usuários. Entendimento de geopolítica e estrutura do poder que passa aos indivíduos sensações únicas dentro de monumentos históricos, a consolidação de grandes impérios e os erros e acertos das grandes civilizações é fundamental para que possamos cometer novos erros ao invés de repetir os antigos.


Ensino: Para continuar a passar o conhecimento para os novos profissionais, o professor é fundamental e claro que na arquitetura não seria diferente, o amor por ensinar e fazer arquitetura leva a muitos profissionais as salas de aula para passar as boas práticas e metodologias de pesquisa, ferramentas que estão cada vez mais disruptivas e inovadoras quanto a padronização e agilidade dos processos de projeto. Levar a boa prática de escritórios com casos reais para a sala de aula ajuda aos novos arquitetos terem maior repertório ao se formarem e criar também uma rede de apoio que conta com a bagagem de seus mestres e tutores quando bem orientados e desenvolvidas as habilidades certas dentro da sala de aula.


Governança e gestão: Pode ser em cargos públicos ou privados, o arquiteto é formado para idealizar e gerir projetos, independente de tamanho, recurso e prazo de execução, é necessário trabalhar as habilidades interpessoais, capacidade de análise e tomada de riscos, gestão de recursos e resolução de conflitos para fazer com que o resultado saia como o planejado ou o mais próximo disso com o menor recurso alocado e com a maior qualidade de entrega.


Mercado imobiliário: o desenvolvimento dos centros urbanos e a expansão de aglomerados humanos dependem de bons profissionais envolvidos no mercado de construção e imobiliário para não deixar os investidores e incorporadores fazerem o que quiser sem pensar nas consequências sociais e ambientais que isso pode acarretar. Por isso o profissional que capacita e leva conhecimento para este setor é muito valorizado e requisitado para fazer as intermediações necessárias entre o poder público e o privado e claro que ter inteligência de mercado com foco no melhor desempenho do projeto é fundamental para ter lucratividade em qualquer negócio.


Inovação e novas tecnologias: o mercado é aprimorado todos os dias e neste momento em que você está lendo este artigo, pode ser que já tenha “nascido” outras 10 novas profissões em que o arquiteto pode atuar e se destacar. Mas num panorama geral, pode ser envolvido na criação de arquitetura efêmera que cria senários para filmes, séries e novelas. Pode ser um desenvolvedor de realidade virtual, projetista de metaversos, criador de peças e design para equipamentos espaciais, trabalhar como analista em grandes empresas de investimento entre outros mercados que ainda estão pouco explorados.


O intuito deste artigo é abri a cabeça de você leitor para que veja que não é somente um título e uma função que compõem o repertório de um profissional que se forma como arquiteto urbanista e que existem inúmeras possibilidades para desenvolver carreira e cumprir demandas de mercado além de “desenhar casinhas” ou fazer a decoração de uma casa. Nossas possibilidades são gigantescas e o bom profissional sempre vai se destacar independente de qual caminho escolher para deixar sua contribuição no mundo. Se gostou, compartilha com um amigo e não deixa de se cadastrar para receber sempre em primeira mão nos novos títulos postados aqui na TBT.

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