Tudo começa no primeiro período do curso, momento este em que não te falta motivação, achando que vai ser tipo os filmes americanos em que tem mais festas do que aula, trabalhos super divertidos e altas viagens, e aos poucos vai percebendo que não é bem assim. E claro, se você está nesta página do blog, é bem provável que tenha escolhido a mesma profissão que eu.
Desde o início do curso de arquitetura e urbanismo queria falar no trabalho final de graduação (TFG) sobre a influência da psicologia na arquitetura e como isso é importante no bem estar e na vida do usuário, alguns períodos depois pensei em fazer alguma coisa relacionado a mobiliário urbano, gestão e sustentabilidade, retrofit e por fim após várias desilusões amorosas pelos temas (pensando mais em fontes e referências), no 9º período sob a pressão que é arrumar o tema rápido para não ficar atrasado, decido fazer meu trabalho pensando em regionalidade e as deficiências de equipamentos públicos que faltavam na região onde moro, isso não quer dizer que não tenha, mas sim, que poderia melhorar caso fosse implementado de maneira diferente recuperando o que existe ou um novo projeto.
Para chegar nesta conclusão foi necessário muito estudo, muitas referências de grandes autores, artistas, pensadores da arquitetura, muitos vídeos e artigos em blogs falando sobre TFG que me ajudaram a não cometer alguns erros que é comum neste processo “aterrorizante” que é o trabalho de conclusão de curso. Nesta fase final do curso você não é um profissional da área, nem um estudante principiante mais. É bem difícil saber aonde pertencemos e o que a maior parte dos meus amigos não entendiam é que os avaliadores na banca e o seu orientador querem ver de fato qual é o seu potencial como futuro colega de profissão, como você se porta perante a um problema que cabe a você solucionar.
O que você faz em uma situação difícil, qual o seu posicionamento perante a uma crítica e se você está pronto para defender o seu trabalho. Lembre-se você que está no 9º ou 10º período já não é só um aluno e caso se sinta assim, não deveria, pois a sua bagagem de conhecimento retido durante o curso te levou até este momento e se chegou até aqui, agora é a hora de mostrar o por que veio tão longe e que este diploma é seu e ninguém tem o direito de dizer ao contrário.
Lembre-se que como qualquer outro projeto que venha a fazer durante a vida, o TFG precisa responder algumas perguntas e isso precisa estar nítido na apresentação do trabalho, seja na parte escrita, apresentação, banner síntese ou pranchas impressas. Para facilitar o processo de escolha dos temas foque em responder estas três perguntas.
O que?
Para descobri o “o que” você tem de primeiro definir uma linha de projeto que queira desenvolver ou que já tenha domínio, entre as matérias de urbanismo, arquitetura, patrimônio e outras possibilidades que envolvam um projeto e que tenha o aceite do orientador. Essa é uma ótima oportunidade para escolher um tema que se relacione com a área de atuação após a formatura e até mesmo uma continuação em uma especialização mais a frente. Para ter uma boa referência de temas você pode buscar por trabalhos que receberam premiações em concursos e outros que foram executados, isso no caso de projetos de iniciativa privada. Por que?
Busque uma carência social, algo que a população precise e que não tem na região onde quer implementar o projeto, pense sempre no maior número de pessoas que seu projeto pode alcançar e impactar positivamente na vida destas pessoas. Encontre um terreno que comporte seu programa de necessidades e faça um levantamento de informações pertinentes ao seu tema nos bairros do entorno e na cidade caso seja necessário para ter uma compreensão melhor do que precisa ser tratado e aprimorado no seu desenvolvimento e que atenda as demandas desta região. Faça levantamento de dados de pesquisadores que tenha relação com a sua proposta, crie mapas, planilhas e outras fontes que darão embasamento a sua pesquisa para convencer a banca sobre a pertinência do seu tema.
Como?
Para chegar neste ponto é preciso pensar nas estratégias de projeto que serão utilizadas para sanar as dores que apresentou nos itens de “o que” e “por que”, levando em consideração o partido arquitetônico e o conceito que será adotado e a ligação do tema com o local de implantação do projeto. Quais as providências que precisam ser tomadas para que o projeto seja aprovado e construído? Mesmo que seu projeto seja neste momento “um trabalho acadêmico”, esta não é a intenção do último projeto que está desenvolvendo na academia. Seu projeto deve ser apresentado como se estivesse no mercado de trabalho em uma conferência com investidores e órgãos públicos que definirão a sua proposta como sendo a próxima obra a ser executada por eles.
Um ponto bem importante de se pensar durante o processo de escolha de tema e da criação do projeto é como sua obra vai se manter, pensar em gestão de custos, prazos, como a matéria prima chega até a obra, quais os materiais serão usados, se segue os princípios de projeto sustentável e não falo de material sustentável e sim de estratégias bioclimáticas que farão o seu projeto custar menos a longo prazo, economizando assim em climatizadores mecânicos, pensar também que no paisagismo pode ser encontradas formas de controlar o clima interno das edificações e melhorar a fauna e flora local com uso de espécies nativas e também em possibilidades de gerar a própria energia. Leve em consideração que o uso pode mudar com o passar do tempo e daqui a 50 ou 100 anos o seu prédio pode abrigar uma função e atividades que não existem ainda.
Tendo estes pontos bem definidos, cumprindo o cronograma, comparecendo as orientações, caprichando na parte visual, deixando bem legível e de fácil compreensão o projeto como um todo e sabendo controlar o nervosismo e a ansiedade para fazer uma apresentação boa, sem dúvida alguma, o seu projeto será aprovado.
O fato é, o TFG somente foi mais um trabalho que precisei entregar e que tudo o que fiz antes dele foi somente parte do caminho para me levar até ali. Isso só me veio à tona ao concluir o projeto, fazer a defesa e finalmente chegar à conclusão de que tinha acabado. Ao chegar no fim de um ciclo é importante fazer uma análise do que aconteceu e isso sim foi grandioso para mim, ao perceber isso foi tipo uma cena de filme onde o personagem tem aquele flash em que tudo faz sentido no fim.
E para concluir, deixo uma imagem aérea da minha proposta de intervenção em um parque público, o meu tema fui (Re)Ocupação de espaços públicos com foco na revitalização do parque Fernão Dias / Contagem - MG.
Espero que este artigo tenha ajudado na sua busca por mais informação, tenha contribuído com idéias boas e didáticas para esclarecer algumas dúvidas e dado mais energia para vencer esta etapa.
Fique a vontade para perguntar caso tenha alguma dúvida e compartilhe com os amigos que estão passando pelos mesmos perrengues que você.
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